sábado, 11 de setembro de 2010

One Shot - Tom Tears parte 2/4



Olho novamente para o PC, leio cada letra que acabei de escrever, todos dormem, e apenas o motorista do Bus segue viagem.


O relógio já aponta 5 da manhã, não consigo ter uma noite decente de sono há semanas, fechei o documento no PC, escrevo desde que o Bill foi operado, para poder desabafar com alguém, mas ninguém se quer desconfia que tenho este pequeno “ diário”.
Vou para a casa de banho, fecho a porta desta, e deixo a água quente a correr, tiro a roupa e ponho me debaixo daquela água, firmo as mãos gélidas na parede húmida e baixo a cabeça, ali fico alguns minutos a sentir a água a cair do chuveiro, a melancolia volta, e por breves momentos, curtas lágrimas caem do meu rosto.
Penso para mim mesmo, que esta é a minha única hora de alívio, visto que não me permito a mim mesmo, chorar ou demonstrar outro tipo de emoção quando estou com os outros.


Os dias continuam a passar, e mudas a cada dia que passa, fico triste e mal reparas.
Gustav e Georg penso que já tiveram dias melhores, vejo por vezes nos seus rostos, a indignação e a raiva originada pela falta de louvor por parte dos fans e impressa, onde se vê o seu eterno esforço e empenho, e a falta de apoio por parte de muitos, para quem trabalha tanto.


O meu nome, e o do meu irmão, aparecem vezes sem conta, por vezes sufocante, e o deles mal surge.


Os dias passam, hoje é o dia do nosso aniversário, fazemos 19 anos, vi-te ainda a pôr o boné, enquanto abria a porta da tua suite do Hotel.
Caminhamos juntos até ao primeiro andar onde servem os pequenos-almoços.
Vejo a equipa da tokio hotel TV aproximarem se, eles são uma boa equipa, mas confesso que começo a ficar cada vez mais farto de estar constantemente a ser seguido por câmaras.
As empregadas de mesa do Hotel aproximam-se em conjunto trazendo consigo um pequeno bolo de chocolate, para nós.
Vejo que Bill, tal como eu, desejou mais do que tudo, estar simplesmente com a família, e amigos, começo a cortar o bolo, ironicamente a faca é bem maior que este, e acabo por cortar uma fatia minúscula, fazendo o meu irmão sorrir .


Ele pega delicadamente na colher, saboreando cada pedacinho de bolo da pequena fatia, e uma lágrima cai mesmo do seu rosto.


A minha vontade era de abraça-lo e chorar com ele, parecia que finalmente tinha o meu irmão de volta.
Tivemos com os outros membros da banda, e com algumas pessoas da equipa, e durante a tarde simplesmente apanhamos banhos de Sol.
Nem roupa tínhamos para banho, ali ficamos simplesmente a sentir os raios de sol a penetrarem na nossa pele, sabia tão bem, tinha saudades de sentir esta paz.
Sem câmaras e fans e gritarem, nem fotógrafos, simplesmente nós e o mar.
O meu irmão está voltado para a outra cadeira, apetece-me tanto dizer-lhe o que sinto, penso que esta é a oportunidade.
Olho para ele, e levanto-me ligeiramente da cadeira.
- Bill,eu.. (aguardei um pouco, respirei fundo) eu preciso de falar contigo…Bill estás a ouvir?
Olhei para o seu rosto pálido, e delicado, debaixo dos óculos de Sol, ele encontrava-se com os olhos serrados, dormitando suavemente com a respiração calma.
Sorri para ele, apesar de desejar que esteve-se acordado.
Olhei para aquele mar, e fechei os olhos voltando a sentir o sol quente na minha pele, do nada ouso a sua voz, calmamente perguntar o que quero, e abro os olhos, sorrio e levanto-me da cadeira.
- Bill, pensei que estavas a dormir..
- E estava, mas tive a sensação que precisavas falar comigo..
- Sim preciso, bem eu..
Um fotógrafo surge no horizonte, junto a linha de água e interrompe a nossa conversa, Tobi desloca-se agora a passos largos tentando alcançar este, mas em vão.


Este pede desculpa pelo acontecido, e pede por uma questão de segurança, que voltemos para o interior do Hotel, deixando assim a praia de L.A para trás.


Durante a tarde, não consegui falar com ele, tive todo o tempo com David Josh compondo algumas linhas das próximas canções, e confesso que nem tive paciência para me juntar a eles.


Foi para a minha suite e voltei a escrever mais umas linhas no meu “ diário”, de como quase consegui falar, e novamente o fracasso.
Parecia que nunca conseguiria ter aquela conversa.
Por isso, resolvi mudar os nomes e certos pormenores que me denunciassem, e postei simplesmente num fórum que continha algumas histórias, pensariam que se tratava de apenas mais uma, e por isso eu não teria problemas, com alguma sorte, conseguiria alguns comentários, e assim, algumas novas soluções para todo este caso, porque afinal por vezes apenas necessitamos de uma segunda opinião.


Os dias passaram, ganhamos um grande premio de MTV, o primeiro para uma banda tão jovem e alemã, mas mesmo assim, tudo aquilo parecia pouco para mim.
A banda sorria para os fotógrafos e mostrava a estatueta conseguida, eu acompanhava, mas mal sorri, aquelas pessoas de plástico voltavam assim como as suas palavras vagas e fúteis de falsos méritos, fiquei na after party, bebi e não aguentando mais retirei-me.
Bill notou a minha ausência, mas a fama e aquelas luzes fizeram-no esquecer e permanecer mais um pouco naquele Mundo.
Naquela noite não dormi até ele voltar, limitei a olhar o mar, pela grande janela da minha suite
Escrevi novamente, e reparei que tinha o meu primeiro comentário.
Sorri para mim mesmo e respondi.
No dia seguinte Bill e Georg estavam de ressaca, tinham bebido de mais, e Gustav levantou-se cedo como sempre para correr na praia, mais dois seguranças discretamente.
Foi ter a porta do quarto de Bill, bati, e uma lamúria vinda do seu interior fez notar a sua presença.
Os seguranças já me tinha informado do seu estado, por isso insisti.
Pedi ao Tobi a cópia da chave, e um dos seguranças veio me entregar.
O quarto estava escuro e tinha roupa espalhada por todo o lado.
Aproximou me da cama, e chamo o seu nome.
- Manda-o parar, quero dormir… (uma voz feminina por entre os lençóis denunciava mais uma pessoa naquela cama).
Olhei espantado para a cama e para aquelas formas a moverem-se por entre os lençóis.
Dei um passo para trás, e vejo o braço do Bill surgir por entre os lençóis tentando alcançar a mesa de cabeceira..
- Tom, sai daqui, não vês que estou ocupado. (disse aquilo num tom rabugento e autoritário).
Olhei para a cama e afastei-me ainda mais, acabando por sair, ouvi ele ainda dizer aquela mulher..


- Não ligues querida, ele já saiu, a ver se aquele traste não nos chateia..


(Ouvi uma gargalhada abafada, e risinhos maldosos, desejando simplesmente não ter ouvido tal coisa, mas a dor aumentava ainda mais, pensei – ele está só bêbado – mas eu sabia que não ia ser assim tão fácil ignorar)
Voltei para a minha suite, e novamente chorei em silêncio deixando lágrimas escorrerem pela minha face involuntariamente.


No computador descobri uma forma de aliviar aquela dor escrevendo cada vez mais, o que sentia, e ouvido a opinião dos outros.


Continua...

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