One Shot 'Palavras Esquecidas' by Angel

 

 - “O que dizer cada vez que penso em ti, mil e uma coisas possivelmente, mas apenas o teu simples olhar consegue transmitir tantas sensações em tão breves segundos.

 

Escrevo-te está carta, para descrever aquilo que não tive coragem de o dizer naquele dia que acabei tudo, e te vi partir.

 

Todas aquelas noites, em que dormias a meu lado, e não sabias que me mantinha acordada pensado apenas na sorte que tinha em ter -te ali, junto de mim.

 

Ficava horas a olhar e observar cada traço do teu rosto, como se o desenha-se num dos meus enumeros blocos.

 

Os teus olhos, misteriosos, de um brilho inigualável, de uma linha rasgada , fazendo relembrar quase um felino, selvagem e ao mesmo tempo muito meigo, transmitindo ternura.

 

Os teus lábios delineados de uma perfeição rara , um sorriso terno e suave, sorria para ti, apenas por te ver.

 

Aquela expressão do teu rosto, que exprimia cada desejo da tua alma, eu sabia sempre o que pensavas e tristemente vi aquela expressão no dia que te perdi.

 

Agora sei que não agi da melhor forma, que te fiz sofrer.

 

Quero ter-te junto de mim, apenas o sei…quero te de novo, por favor volta..

 

Para Bill Kaulitz, o meu primeiro e único amor “ –

 

 

Respiro fundo, e dou um último soluço, as lágrimas caem agora da minha face, molhando a frágil folha de papel.

 

Olho para a janela da minha sala, a chuva cai lá fora com uma intensidade, que já não é própria da época.

Queria ter coragem de te entregar pessoalmente a carta, antes de te perder novamente.

Fazia já um ano, desde que te menti, e te fiz passar por toda aquela situação.

 

Eu tinha que o fazer, eu já não suportava aquela situação com os teus fans, não paravam de ameaçar.

 

Penso que teria sido melhor, nunca termos revelado a verdade, talvez se o tivéssemos feito, poderia ainda estar contigo hoje.

 

Aproximo-me da janela fria, a minha respiração quente deixa uma marca no vidro.

 

Olhei para aquela mancha, e sorri para mim mesma …

 

Lembrei me naquele dia que brincávamos na neve, e me fizeste cair, rias com uma alegria contagiante.

 

Eu fiquei tão corada, mas depois sorri em seguida, vi que estavas tão feliz.

Abraçaste-me e beijaste-me tão carinhosamente que era impossível dizer que não te amava.

 

A chuva continua, assim como as minhas lágrimas.

Falta um mês para regressares a Alemanha, a Tour está no fim.

 

Recordo-me de novo do dia que te causei a pior dor que alguém pode sentir, a da traição.

 

Lembro-me como fosse hoje, de como pedi ajuda ao Tom, ele claro não o cria fazer, mas ele sabia que terias que ter um choque bem grande, para que me deixasses, e seguistes a tua carreira, caso contrario iríamos continuar naquele inferno.

 

As ameaças eram horríveis, e o medo que algo de ruim te acontece-se era maior, eu não o podia permitir.

 

O Tom viu as cartas, principalmente uma ultima que tinha a tua foto mutilada, a carta continha sangue, era algo doentio, e para mim, a gota de água, que faltava para tomar uma decisão.

 

Pedi ao Tom, para ir ter ao nosso quarto, ele sabia que o irias ficar passado, mas também sabia como aguentar o que se seguiu.

 

Faltava 20 minutos , para o subires até ao nosso quarto pedi ao Tom que retira-se a parte de cima da roupa, e fiz o mesmo, quando abris-te a porta, encontraste-nos aos beijos na cama.

 

Claro que ficas-te em choque, ver o próprio irmão comigo, era algo impensável, fiz o meu papel, e desapareci para sempre.

 

Como eu gostava que ele soube-se que não passou de um plano, que ainda o Amo.

 

Pensei para mim mesma, nesta noite chuvosa, ele merece saber a verdade, mesmo que me odei, que nunca mais me queira ver…eu vou lhe dizer.

….

Passava um mês, e foi ter ao Hotel perto do estúdio, eu sabia que possivelmente iriam lá estar, por isso pós a carta no bolso do casaco, e dirigi-me recepção.

 

Deram me a indicação que estarias a jantar, por isso respirei fundo, e avancei pela sala.

Dei um gole em seco, a minha barriga contraia-se devido aos nervos, mas ergui a cabeça e segui..

Ao longe ouvi a sua voz, entre as risadas do grupo e avancei..

 

Mas.. depois algo me fez recuar…

 

 

Ele estava acompanhado por uma rapariga, e ria e sorria para ela.

 

 

Pensei .. ele está feliz, possivelmente encontrou alguém..o que é que eu estou aqui a fazer..

 

Saio disparada, e vou contra o empregado de mesa, fazendo este projectar o tabuleiro recheado de comida, e fazendo ele próprio cair no chão.

 

Pedi desculpa, e ouvi uma voz chamar por mim.

 

Bill: Clara és Tu?

( Eu encontrava-me de costas).. – Deve ser engano - disse disfarçadamente com uma voz tremula.

Bill: Não, não é.. ( dizia aquelas palavras enquanto eu me levantava e ele pousava a sua mão no meu ombro)

 

Clara: Eu tenho de ir..

 

Sem eu ver, a carta cai no chão, e eu saio até ao hall do hotel.

 

Ele apanha a carta, abre e lê.

 

Cada palavra, cada sentimento, era agora interpretado por ele, uma lágrima chega mesmo a cair do seu delicado rosto.

Eu continuei ali, a espera que a chuva abranda-se e na esperança de ele não me ter seguido.

Ele não percebia o porquê da minha traição, se eu ainda o amava, ele perdoo-o o irmão mas a mim, ele tinha perdido o contacto desde aquele dia.

 

Ele atravessa a recepção do Hotel, e vê-me no hall, eu estava novamente de costas, ele avança em silêncio, pela porta rolante, e toca-me novamente no ombro.

 

A imagem dele com outra pessoa não me saia da cabeça,..afinal o que é que eu estava ali a fazer? A estragar de novo a sua felicidade..eu não o podia fazer, ele não merecia.

 

Bill: Clara, o que significa esta carta? ( dizia enquanto a segurava nas mãos)

 

Clara: A carta…nada..ela não significa nada ..Esquecia ( e avancei para aquela chuva que cai-a com uma força enorme, a noite escura e apenas a iluminação do hotel, me deixavam com alguma visibilidade para chegar ao meu carro e sair dali.)

 

Bill: Não Clara !! Não vás …

 

Eu avancei sem ver nada, as lágrimas começavam também a cair do meu rosto, e não vi, um carro a alta velocidade que se aproximava.

 

Bill: Clara .. o carro…NÃOOOOOOOO!!!!1

 

O meu corpo bateu na parte frontal do carro, fazendo múltiplos feridos e perder os sentidos.

 

O estrondo causado pelo acidente faz os empregados do hotel chamarem a ambulância, e o Bill aproxima-se agora do meu corpo.

Eu estava pálida, o sangue que saia do meu corpo era “limpo” pela água que caia sobre nós.

Os restantes membros da banda, ao verem a agitação dos empregados do Hotel, vão até ao hall de entrada e deparam-se com aquela cena.

 

Tom: Bill estás bem? Que se passou..

Bill: A Clara…o carro … eu só queria falar com ela..

Tom: Acho que está na altura de saberes a verdade..

Bill: Qual verdade?

 

Tom: Calma Bill, vamos na ambulância, que pelo caminho explico-te tudo.

 

Seguiram-se 20 min, entre o Hotel e o Hospital, os paramédicos prestavam os primeiros socorros, e o Tom acompanhou Bill e explicou o que realmente se passou.

 

Chegamos ao Hospital e fui levada de urgência para o bloco operatório.

 

Os médicos avisaram, que eu teria uma hemorragia interna e algumas costelas partidas.

 

Bill e Tom, encontravam-se nervosos, e dali a umas horas a operação tinha terminado.

 

Quando voltei a mim, soube da presença dos gémeos no hospital e pedi para chamarem ambos.

Eu sabia que não tinha muito tempo, por isso os médicos não impediram o meu desejo.

 

Bill entra na sala, com os olhos inchados de tanto chorar, e Tom sempre ao seu lado fazendo-se de forte, mas por dentro estava tão destruído, como o seu irmão.

 

Eu quis contar a verdade, antes de não conseguir fazer, mas Bill interrompeu as minhas palavras, colocando o seu dedo sobre os meus lábios, em sinal de silêncio, e disse que sabia de tudo.

As lágrimas caiam novamente do meu rosto, Como eu queria ter mais tempo, para poder estar com ele.

 

Ele dizia que eu ia ficar boa, mas eu só disse:

 - Nunca deixes palavras por dizer, sentimentos por revelar...porque um dia podes não ter tempo de dizer há pessoa que mais gostas, que a amas.. tal como eu te amo a ti.. –

Assim com dificuldade, consegui dizer-lhe aquele “ultimo adeus” e parti para toda a eternidade.

 

 

Setembro 2008